Bonecas Bebê Reborn: Por que vemos mulheres Adultas tratando bonecas como filhos de verdade?

Bonecas Bebê Reborn: Por que vemos mulheres Adultas tratando bonecas como filhos de verdade?

 

Você já viu algum vídeo de uma mulher trocando fralda de uma boneca com extremo cuidado? Ou talvez preparando a mamadeira, colocando para arrotar, levando ao pediatra de brinquedo, como se fosse um bebê real? Se sim, você presenciou um dos fenômenos mais curiosos e, ao mesmo tempo, reveladores dos nossos tempos: a maternagem de bonecas bebê reborn por mulheres adultas.

Pode parecer, à primeira vista, algo estranho ou até desconcertante. Mas, como quase tudo no comportamento humano, esse movimento tem raízes profundas. E talvez, mais do que julgá-lo, valha a pena compreendê-lo.

O que são as bonecas reborn?

As bonecas reborn são criadas artesanalmente para parecerem o mais realistas possível — pele com textura, veias visíveis, peso semelhante ao de um recém-nascido, cheirinho de talco, cabelo implantado fio a fio. Algumas até respiram, choram ou têm batimentos cardíacos simulados.

Muito mais do que brinquedos, essas bonecas se tornaram objetos de afeto, terapia e, para muitas, substitutas simbólicas da experiência da maternidade.

Por que estamos fazendo isso?

Essa é a grande pergunta. O que leva uma mulher adulta, muitas vezes com carreira estabelecida, relacionamentos formados, até filhos biológicos, a cuidar de uma boneca como se fosse real?

1. A maternidade como pulsão — mas não necessariamente como biologia

Nem toda mulher pode, quer ou conseguiu ter filhos. Mas o instinto de cuidar, nutrir, proteger, muitas vezes segue ali, forte. As bonecas reborn oferecem um espaço simbólico para esse cuidado, sem as exigências da maternidade real.

2. Cura emocional e traumas

Muitas mulheres encontram nas reborn uma forma de lidar com perdas — seja de um filho, de uma gestação, ou da possibilidade de ser mãe. Outras usam como ferramenta terapêutica em quadros de depressão, ansiedade ou vazio emocional.

3. Controle e segurança

Ao contrário de um bebê real, uma boneca não adoece, não chora de madrugada, não cresce. Ela permanece naquele estágio de vínculo idealizado. Para mulheres que viveram maternidades caóticas, ou não conseguiram “curtir” esse momento, as reborn podem oferecer uma segunda chance — segura, controlada e sem riscos.

4. Comunidade e pertencimento

Esse movimento não está acontecendo isoladamente. Há grupos, feiras, canais no YouTube, lojas especializadas. Há um senso de pertencimento, de acolhimento entre mulheres que cuidam de reborns, sem julgamentos. Uma nova tribo se forma, com afeto, empatia e suporte mútuo.

A sociedade cobra, a alma responde

Vivemos em uma era de exigências: carreira, corpo, produtividade, equilíbrio emocional. Em meio a tudo isso, a ternura anda escassa. O ato de cuidar de um reborn — dar banho, vestir roupinha, embalar — pode parecer fútil aos olhos do mundo, mas talvez seja só um grito silencioso por mais afeto, mais pausa, mais presença.

Cuidar de uma boneca pode ser, paradoxalmente, uma forma de cuidar de si mesma.

E se, em vez de julgar, a gente escutasse?

Antes de rir, debochar ou criticar, que tal olhar com mais gentileza? O movimento das bonecas reborn nos conta muito sobre o que as mulheres estão vivendo hoje: saudades de um tempo mais simples, vontade de amar sem medo, desejo de cuidar sem se anular.

Não é sobre ser infantil. É sobre encontrar, mesmo que simbolicamente, um espaço de acolhimento — onde o afeto pode florescer sem cobranças.

Conclusão: um mundo que precisa de mais colo

O fenômeno das bonecas reborn não é uma moda passageira. É um espelho da nossa sociedade — carente, acelerada, exausta. E as mulheres, mais uma vez, encontraram uma forma criativa de sobreviver a isso.

Talvez, no fundo, todas nós só estejamos procurando um pouco mais de colo — seja dando, seja recebendo.

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Patrícia Vendramini

Olá, sou Patrícia Vendramini. Filha, mãe, amiga, apaixonada por leituras, viagens, e escrever, mas nada me deixa mais feliz do que estar com a minha família. Sou mãe de duas meninas lindas e depois que elas entraram na minha vida, mudou tudo, para melhor! O Mães no Comando é a materialização de duas paixões: escrever e o mundo materno. Espero que gostem!